Com Sérgio Vignes
Era garoto na Ilha de Santa Catarina e, sorte do destino, tinha uma prima casada com um fotógrafo que, por sua vez, possuia um estúdio conhecido na principal rua de Florianópolis, a Felipe Schmidt, lá nos anos 60. Aquele estúdio que conquistou o menino Sérgio, ainda mais quando o fotógrafo abriu uma máquina e explicou tudo que acontecia lá dentro. Depois, acompanhou os processos de revelação, eram tempos da placa de vidro. Gostava daquilo. A primeira experiência veio com uma câmera Flicka: adolescente, deitou-se debaixo de uma rampa de onde Opalas voavam alto fazendo acrobacias e, ansioso, disparou. Quando revelou, achou encantador. E não perdeu o encanto nunca mais.
Na faculdade de engenharia mecânica, eram as aulas ligadas à ótica que mais interessavam. Frequentou o Núcleo de Fotografia de Florianópolis, fez uma série de cursos, começou a trabalhar na Fundação de Meio Ambiente do Estado e puxou para si a documentação fotográfica. Apaixonado pela Ilha onde nasceu e da qual escolhe imagens há tempos para suas séries, nos anos 80 foi responsável por um dos principais registros fotográficos de Franklin Cascaes, o pesquisador do folclore ilhéu: “Cheguei na casa dele e ele não me convidou pra entrar. Fiz umas fotos dele na varanda e ele me disse: ‘As pombas vêm, comem milho e vão embora’. Saí de lá pensando naquilo”. Voltou dias depois com algumas fotos ampliadas para presentear Cascaes. Foi convidado para um café. E, de tudo aquilo, ficou um registro histórico e o aumento da paixão pelo ato de fotografar: “Depois desta história, a máquina passou a fazer parte do meu corpo”.
Fotógrafo freelancer, coleciona boas histórias como a de Cascaes. Viajou o Brasil todo em trabalhos como, por exemplo, para o Observatório Social, fotografando trabalhadores do café, da mineração, gente de todo lugar. “Gosto da fotografia que possa fazer alguma coisa pelas pessoas”, diz Vignes.
Texto: Adriane Canan - ogalerista.com
